Falando um pouco com Mike Plowden, Um Americano/Barreirense
Entrevista com Mike Plowden
(Outubro/97)
» Há quantos anos chegaste a Portugal e ao Barreirense?
« Vai fazer precisamente no próximo dia vinte e oito deste mês, dezassete anos.
» Quanto tempo permaneceste no Barreirense?
« Estive no clube durante cinco anos, durante os quais ganhei duas Taças de Portugal.
« Como se processou a tua ida para o Benfica?
« Surgiu uma oportunidade, e como profissional, não enjeitei essa possibilidade de poder melhorar a minha vida. É claro que na altura tive pena de deixar o Barreirense, mas a vida é isto mesmo.
» Que títulos obtiveste no Benfica?
« Durante os nove anos que representei o Benfica ganhei oito campeonatos, quatro ou cinco Taças, três Supertaças, além das competições europeias em que participei, disputando à volta de oitenta jogos, não esquecendo a minha participação ao serviço da Selecção Nacional.
» Como se processou a tua integração na Selecção Portuguesa?
« Após o meu casamento, fui abordado pelos dirigentes federativos no sentido de saberem se estaria interessado em representar o País. É claro que para mim foi uma honra este convite, e foi um prazer e um gosto enorme poder integrar a Selecção Nacional, e fi-lo por mais de cinquenta vezes.
» Ao longo de vários anos regressaste ao primeiro clube que representaste em Portugal. Que significado teve para ti este regresso?
« Poder acabar a minha carreira no Barreirense foi sempre uma ideia que nunca me saiu do pensamento. Sinto-me muito feliz por estar aqui, onde sempre fui muito bem tratado e acarinhado. Mas não vim para brincar, porque representar este clube é para mim uma coisa muito séria, visto que o Barreirense me merece todo o respeito.
» A tua longa experiência está agora a ser posta ao serviço da Formação do clube, mais precisamente através do minibasquete e da escola "Mike Plowden". Como te sentes no papel de mentor destes jovens?
« Gosto imenso de trabalhar com jovens. Dá-me um gozo muito especial poder transmitir-lhes a minha experiência não só como jogador mas principalmente como homem. Os jovens precisam muito de aprender o significado que a prática desportiva poderá ter na sua vida futura, mais ainda de saber como se dribla ou como se atira ao cesto. Trabalham privilegiando o colectivo, aprendem de uma maneira muito suave a observarem certas regras de comportamento e aprendem a conviver com os outros amigos. Basta ver a importância que o basquetebol teve para mim que me possibilitou poder vir para Portugal. Gostaria de poder ser um livro aberto para eles. Ficarei feliz se lhes puder ser útil.
» Após algum tempo sem competires, como te sentes neste momento como jogador da equipa senior do Barreirense?
« Antes de mais nada, gostaria de destacar o apoio que me está a ser proporcionado, tanto da parte dos dirigentes e dos técnicos, como em relação aos meus companheiros, e isto é muito importante. É essencial que nos sintamos bem. Temos um grupo de trabalho muito bom e muito unido, e isso vai por certo dar os seus frutos.
» Gostarias de voltar a participar na Liga Profissional através do Barreirense? Achas que faz falta no Barreiro uma equipa na Liga?
« Claro, seria muito importante que o Barreirense pudesse participar na elite do basquetebol, porque foi um clube que sempre teve uma identidade muito forte com a modalidade. É uma pena que o Barreirense tenha vindo a atravessar uma fase com mais dificuldades. Até durante esta fase menos boa, e apesar de não ter estado cá, sempre tive a esperança de que o Barreirense voltasse à alta roda do basquetebol. É evidente que. se fosse possível, gostaria de voltar à Liga com a camisola alvi-rubra.
» Como vês a aplicação da Lei Bosman na modalidade?
« Tem aspectos negativos e positivos. Mas mais importante que isto é o jogador português preocupar-se mais consigo próprio. Têm que trabalhar muito mais e não serem segundos planos. Por outro lado, e a exemplo do que já se faz em Espanha, devia haver uma limitação de jogadores comunitários nas equipas, e penso que isso terá que passar por uma maior consciência da classe. Tem que ser mais unida para poder impor também as suas regras.
» Que análise fazes da evolução do basquetebol em Portugal?
« Acho que evoluiu pouco. Muitos jogadores portugueses têm que trabalhar fora do basquetebol, e isso impede-os de treinar o suficiente, além de que há muitos praticantes que não gostam o suficiente da modalidade. Para haver evolução tem que se trabalhar muito e gostar-se acima de tudo do que se faz, e isto é condição que continua a não se verificar.
Entrevista conduzida por José Seixo

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Actualizado às 24.00 de 03 de Novembro de 1997

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1997/Outubro